Mudanças nos padrões de precipitação influenciam a seleção natural em escala global

O que mais importa para a evolução das plantas e dos animais, precipitação ou temperatura? Os cientistas encontraram uma resposta surpreendente: chuva e neve podem desempenhar um papel mais importante do que a temperatura.

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Cervo vermelho na ilha de Rum de Scotland, onde os cientistas estão estudando efeitos da mudança da precipitação. Crédito: Sean Morris.

Os padrões de chuva e queda de neve estão mudando com a variação climática, que provavelmente desempenham um papel fundamental no processo de seleção natural, de acordo com os resultados publicados por uma equipe internacional de pesquisadores. Vinte cientistas dos Estados Unidos, Canadá, Europa e Austrália contribuíram para o estudo. Seus resultados foram publicados na revista Science.

A equipe reuniu um banco de dados de 168 estudos publicados que mediram a seleção natural durante determinados períodos de tempo para populações de plantas e animais em todo o mundo. Os resultados do conjunto de dados que os cientistas examinaram mostraram que entre 20 e 40 por cento das mudanças genéticas poderiam ser atribuídas à variabilidade na precipitação local.

“A evidência anterior de outros estudos indicou que a variação do clima pode ser realmente importante em como as plantas e os animais evoluem,” disseram o autor principal da pesquisa e o biólogo Adam Siepielski da universidade de Arkansas, cujo o trabalho foi financiado pelo National Science Foundation (NSF). “Queríamos saber se poderíamos explicar a variação na seleção em diversas populações de plantas e animais através de algumas variáveis climáticas simples.

Isso é significativo, diz ele, “especialmente considerando a escala global do estudo. Estes resultados sugerem que a variação na seleção é realmente parcialmente previsível com base em características climáticas como a precipitação”. Segundo Doug Levey, diretor do programa da Divisão de Biologia Ambiental da NSF, “Esses resultados mostram que as mudanças na precipitação podem ter efeitos evolutivos surpreendentes em plantas e animais em todo o mundo”.

Em épocas de mudanças para chuvas, tempestades de neve e outras formas de precipitação, plantas e animais também estão mudando, disse Siepielski. Como exemplo, Siepielski citou pássaros que vivem nas Ilhas Galápagos, chamados de tentilhões médios. Os tamanhos e as formas dos bicos mudaram ao longo de várias gerações.

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Tentilhão médio em Galápagos, local de estudo do clima e seleção natural. Crédito: Andrew Hendry

“Diferenças na precipitação ao longo dos anos afetaram o tamanho das sementes disponíveis para as aves”, disse Siepielski. “Pássaros que tinham bicos bem adaptados para comer tamanhos particulares de sementes eram os que tendiam a sobreviver.”

A equipe descobriu que as mudanças na temperatura tinham muito menos efeito do que a precipitação. Siepielski achou isto surpreendente. “A temperatura não tem muito poder explicativo”, disse ele. “Ela poderia agir em uma escala diferente que não pudéssemos identificar no conjunto de dados.”

“Ao mostrar que a seleção foi influenciada pela variação climática”, afirmam os pesquisadores em seu trabalho, “nossos resultados indicam que a variabilidade climática pode causar alterações generalizadas nos regimes de seleção, potencialmente mudando a evolução em uma escala global”. Tradução: o que vem para baixo como chuva ou neve pode alterar radicalmente como algumas espécies evoluirão.

Mais informações: Adam M. Siepielski et al. Precipitation drives global variation in natural selection, Science (2017). DOI: 10.1126/science.aag2773

Fonte: Phys.org

 

 

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